Perdão, Arrependimento e Karma

Ao refletir sobre o significado destes atos tão presentes quanto profundos na vida humana, muitas coisas me vêm a mente e ao coração. 
A primeira delas é que o ato de perdoar é na verdade um processo. Existe uma sequência analítica a ser levada em conta:
- Primeiro me vem o fato considerado "erro" e então começo a avaliar as dimensões, as regiões em que ele atua, ou seja que sentimentos, emoções, pensamentos, imagens que este "erro" movimenta dentro de mim.
- Em seguida percebo que os movimentos provocados pelo tal "erro", me levam a posições diferentes eme permitem estar no lugar do outro ou  de outros,  revelando os destintos pontos de vista.
- Num terceiro momento, é possível chegar à visão compartimentada de tudo que envolve a situação:  pessoas,  fatos ou "erro", situação gerada (atitudes decorrentes), pensamentos, sentimentos, imagens e emoções.
- Então chega o importante momento de pesar na Balança libriana... Analisar com cuidado o que de fato precisa ser pesado e o que de fato pesa. Isso leva um tempo, é claro! Porque a balança não está instalada na mente, mas no coração e o ritmo de ambos quase sempre é bem diferente.
- Com os elementos todos devidamente pesados e compreendidos pelo coração então a luz divina que vive no coração ilumina a sombra causada em torno daquela ou daquelas pessoas envolvidas no  "erro". Somente após essa compreensão, tudo passa a fazer sentido, pois o coração tem essa habilidade de sentir as verdades universais. Então somos verdadeiramente capazes de perdoar a pessoa ou pessoas.
Daí cabe um esclarecimento importante: o perdão é para a pessoa, não para o "erro". O erro existe e por isso existe a necessidade de um perdão. Se uma pessoa comete um crime hediondo, esta sempre poderá receber o perdão de um coração, mas o crime que ela cometeu fica gravado, é o que os Indianos chamam de karma e depois acabará pagando uma pena por esse crime, como forma de se libertar do karma.
Por isso, da mesma forma ou "processo analítico", a pessoa que comete um "erro" contra outra, precisa percorrer esse caminho para que haja verdadeiro arrependimento. O pedido de desculpas, assim como o perdão, deve partir da luz divina que existe no coração. Podemos conseguir iludir os outros, mas não há como mentir para nós mesmos. Assim, quando há verdadeiro arrependimento o Karma se dissolve.
Muitas vezes ficamos presos a karmas de perdão e arrependimento por essa falta de clareza acerca da distinção entre a pessoa e o "erro" por ela cometido. As vezes dizemos: "mas esse crime é imperdoável", de fato, para o crime não existe perdão. A lei universal é clara: toda ação gera uma reação! As pessoas devem arcar com as consequências de seus atos. Sobretudo, quando conhecemos, reconhecemos e separamos antes de pesar todas essas coisas, podemos ver e sentir que todos estão sujeitos ao erro e por isso têm direto de receber o perdão, tanto quanto têm o dever de se arrepender verdadeiramente para gozar da sua liberdade plena.
O mais bacana disso tudo é que esse é um processo interno, mesmo que outros não vejam, saibam ou sintam seu perdão ou arrependimento, a verdade sempre aparece. 
Diferente do crime ou "erro", que muitas vezes necessita de provas, não precisamos provar o perdão ou arrependimento para ninguém. Porque a escuridão não tem poder de apagar a Luz, mas a Luz sempre ilumina a escuridão.

Grata aos erros cometidos e a ampliação da visão que estes me trouxeram.

Por Grazzielle Zacaro
Namastê!

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